A erisipela e a celulite são infecções bacterianas que afetam diferentes camadas da pele. A erisipela atinge a derme superior, enquanto a celulite afeta a derme profunda e o tecido subcutâneo. Ambas podem ser causadas principalmente pelo streptococcus beta-hemolítico do grupo A ou pelo stafilococcus aureus, sendo rara a infecção por outros agentes.
A bactéria geralmente penetra na pele através de uma porta de entrada, como um trauma anterior, uma picada de inseto, uso de medicamentos injetáveis ou pela perda da barreira cutânea devido a uma doença prévia, incluindo tinea pedis e onicomicose. Fatores como diabetes, obesidade, insuficiência venosa, linfedema e alcoolismo também aumentam o risco de infecção.
Clinicamente, pode-se observar uma placa eritematosa com calor, edema e dor local, às vezes acompanhada de bolhas. Na erisipela, a lesão apresenta uma coloração vermelho vivo com bordas bem definidas, enquanto na celulite a coloração é rosada e as bordas são mal definidas.
Essas infecções podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas os membros inferiores e o rosto são os mais afetados, geralmente de forma unilateral. Também podem ser acompanhadas de febre, calafrios, mal-estar geral, dor de cabeça e outros sintomas.
Cerca de um quarto dos pacientes experimenta recorrência da doença em algum momento da vida, e há poucas informações baseadas em evidências científicas sobre o tratamento preventivo dessas recidivas.
De acordo com uma revisão sistemática da Biblioteca Cochrane em 2017, que analisou 573 pacientes, os antibióticos demonstraram evidência moderada de eficácia e segurança na prevenção de recorrências, sendo classificados como categoria 2B.
Atualmente, a profilaxia mais comumente prescrita é a penicilina benzatina, administrada por via intramuscular a cada 21 dias. O controle dos fatores desencadeantes também é mencionado nos estudos, embora ainda não haja consenso.
Entre as medidas preventivas recomendadas estão o cuidado com a pele para evitar ressecamento, rachaduras, traumas, feridas ou infecções por fungos; a redução do edema com o uso de meias de compressão elástica e diuréticos, quando necessário; a prática de exercícios físicos para redução de peso; o tratamento de infecções fúngicas associadas e o uso de calçados adequados.
A prevenção é indicada principalmente para pacientes que tiveram pelo menos dois episódios de erisipela ou celulite em um período de até três anos. Para mais informações, agende uma consulta dermatológica.