A polêmica da segurança do uso de filtros solares

Circularam nos Estados Unidos notícias falsas que diziam que o filtro solar, caso usado diariamente ou com frequência, poderia causar câncer devido ao potencial tóxico de químicos que seriam absorvidos pela pele.

Estudos da agência federal Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, apontaram que avobenzona, octocrileno, ecamsule e oxibenzona, ingredientes usados na composição, estavam acima do comum. Patrícia Maia Campos, professora da área de medicamentos e cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, explica que, apesar da pesquisa, ainda não há informações conclusivas sobre o risco cancerígeno e que isso é algo a ser ainda estudado.

Depois de notícias enganosas e perigosas sobre alvejantes que supostamente curariam o autismo e supostos problemas associados a vacinas, chegou a vez dos protetores solares serem alvos e acusados de serem tóxicos. As informações, que circulam em redes sociais, deixaram dermatologistas de cabelo em pé e levaram a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) a emitir um comunicado reafirmando que os filtros solares são seguros e devem ser usados para proteger contra o câncer de pele.

Estima-se que, no Brasil, 33% de todos os diagnósticos de câncer são de câncer de pele e o país apresenta, em média, 185 mil casos novos por ano. Desses, 117 mil são do tipo carcinomas baso ou espinocelulares.

Segundo a entidade, os rumores mais recentes começaram a surgir a partir de estudo do FDA (agência americana que fiscaliza e regulamenta alimentos e remédios) que apontou a absorção pela pele de componentes dos filtros solares – algo que é normal e esperado.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Jama, da Associação Médica Americana, buscava verificar a absorção sistêmica relativa a quatro ingredientes comuns nos filtros solares. Para isso, participaram da pesquisa 24 pessoas que usaram protetor em diferentes formas, como spray e loção, em 75% do corpo quatro vezes por dia.

A conclusão da pesquisa, contudo, não vai além da constatação da absorção. Ou seja, nessas condições de uso máximo de protetores, determinadas substâncias são absorvidas e podem ser detectadas em exames. 

A partir disso, os autores afirmam que mais estudos devem ser feitos para verificar se há alguma significância clínica nessa absorção. Ao mesmo tempo, os pesquisadores são claros ao afirmar que o achado não deve fazer com que as pessoas deixem de usar os filtros solares.

— Esses estudos foram feitos em condições que não são usualmente aplicadas no cotidiano, tanto em termos de aplicação quanto de quantidade aplicada — afirma Sérgio Palma, presidente da SBD. — Não temos dados de segurança que contraindicam o uso de filtro solar.

De toda forma, pesquisas como essa são esforços para melhoria futura de níveis de segurança  – como possibilidade de algum nível de toxicidade dependendo da concentração das substâncias – e evolução de rotulagem dos produtos.

Os protetores são usados desde 1970 e, logicamente, foram evoluindo e passando por substituições de componentes. No início, por exemplo, era comum causarem alergias, acne e sensibilidade na pele. Fora isso, não há histórico de problemas graves que sejam causados pelos filtros.

Os especialistas destacam a importância do uso do protetor solar, principalmente ao se levar em conta a elevada incidência solar no Brasil. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam o câncer de pele não melanoma como o mais comum no Brasil, sendo responsável por aproximadamente 30% dos tumores malignos registrados. Já os melanomas são menos comuns – correspondem a 3% dos casos de câncer de pele –, mas mais graves e com potencial de levar à morte.

— A prevenção aos danos solares é a melhor forma de você evitar a progressão ou o surgimento de uma lesão de câncer de pele.

Substitutos para o filtro convencional já estão sendo estudados, utilizando ingredientes naturais, como algas. Tais pesquisas são foco, inclusive, na Universidade. Pesquisadores acreditam que novos filtros surgirão devido ao alto investimento e dizem que a nanotecnologia é o futuro que possibilitará a diminuição de algumas substâncias, mantendo o fator de proteção solar alto sem apresentar riscos à saúde dos usuários.

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